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Síndrome dos Ovários Policísticos e resistência à insulina

Síndrome dos Ovários Policísticos e resistência à insulina

Pacientes com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP para os íntimos rs) apresentam maior resistência à insulina. Ponto! E nem precisa ser uma paciente com excesso de peso corporal para lidar com a condição. Pois, o ganho de peso é apenas um sintoma de resistência à insulina, e não acontece para todas. Para ficar bem claro: SOP aumenta significativamente as chances de ter problemas com insulina, independentemente do peso. Mas, qual a relação entre Ovários Policísticos e resistência à insulina? Vem entender!

Síndrome dos Ovários Policísticos e resistência à insulina

Síndrome dos Ovários Policísticos e resistência à insulina: entenda a relação

Gosto de usar essa analogia no consultório para explicar para as minhas pacientes a relação entre Síndrome dos Ovários Policísticos e resistência à insulina. A resistência à insulina acontece quando nossas células se tornam “surdas” aos sinais da insulina dizendo a elas para se abrirem e deixarem o açúcar do nosso sangue entrar para armazenamento. Ou seja, a insulina é como uma chave que se encaixa na fechadura da porta da célula. Na resistência à insulina, essa chave ficou um pouco enferrujada e é preciso mexer muito para abrir a porta. Com isso, esse tempo extra para abrir a porta da célula significa que a insulina fica elevada no sangue por muito mais tempo do que deveria.

Mas, e aí? Aí que altos níveis de insulina por muito tempo faz com que os ovários comecem a produzir testosterona extra e outros andrógenos.Além disso, o excesso de insulina também reduz uma importante proteína chamada globulina de ligação ao hormônio sexual (SHBG).

Gosto de pensar no SHBG como uma esponja hormonal. Sua principal função é eliminar o excesso de hormônios e manter os níveis equilibrados. Mas, quando você tem níveis mais altos de andrógenos flutuando, combinados com SHBG mais baixo, é uma receita para duas reclamações comuns na SOP: queda de cabelo e pele oleosa. Como assim, nutri? Porque em vez de serem eliminados, os andrógenos correm livremente e entram nos folículos capilares do couro cabeludo, ocasionando queda de cabelo.

Da mesma maneira, eles entram nos poros da pele, obstruindo-os e causando acne. E, para piorar a situação, altos níveis de testosterona desencadeiam ainda mais produção de insulina, criando uma espiral frustrante onde os níveis de andrógenos continuam a subir. Muita coisa, né? 

Insulina alta e os hormônios da mulher

A insulina alta também faz com que o cérebro secrete menos hormônio folículo estimulante (FSH). Acontece que o FSH é necessário para fazer com que os folículos cresçam até o tamanho certo necessário para você ovular. Sem FSH suficiente, você não consegue ovular completamente (o que significa que sua menstruação desaparece) ou leva muito mais tempo para ovular (causando intervalos muito longos entre as menstruações). Alguém aqui com SOP se identificou?

Por fim, altos níveis de insulina fazem com que outro hormônio chave envolvido com a ovulação, o hormônio luteinizante (LH), seja secretado em níveis elevados. Nas quantidades certas, o LH é necessário para desencadear a ovulação. Quando os níveis estão muito altos, o corpo desliga ou atrasa a ovulação, contribuindo ainda mais para a amenorreia ou menstruação irregular.

Leia também: Ovário policístico causa gordura na barriga?

Síndrome dos Ovários Policísticos e resistência à insulina: sinais e sintomas

  • Manchas escuras e aveludadas nas dobras da pele (acantose nigricans);
  • Desejo doces/açúcar durante o dia;
  • Cansaço excessivo após as refeições;
  • Raiva, nervosismo ou confusão mental quando fica sem comer por três horas seguidas;
  • Necessidade de algo doce depois de terminar uma refeição;
  • Ganho de peso com facilidade ao redor da barriga ou dificuldade para perder peso nesta área;
  • Histórico familiar de diabetes ou pré-diabetes;
  • Circunferência da cintura maior que 80 cm;
  • Quadro de pré-diabetes ou níveis altos de insulina ou glicose em jejum nos exames de sangue.

O que causa a resistência à insulina?

O desenvolvimento de resistência à insulina geralmente é uma combinação de genética (ser “predisposto”) e o ambiente (o que você come, como se move, dorme e se estressa).

Mas, gosto de deixar bem claro para as minhas pacientes que apenas ter um histórico familiar ou predisposição genética não significa necessariamente que você acabará com resistência à insulina. Assim, seus hábitos alimentares, exercícios físicos (ou falta deles), controle do sono e do estresse podem ativar essa condição. O famoso estilo de vida. 

E mais: até as bactérias intestinais desempenham um papel na sua sensibilidade à insulina e melhorar a saúde intestinal pode reduzir a resistência à insulina (intestino, sempre ele!). 

Ou seja, o recado aqui é: embora não possamos mudar a genética, há muito que podemos fazer para ajustar os outros fatores ambientais a seu favor. Por exemplo, mudanças simples nas refeições, exercícios, sono de qualidade, saúde intestinal em dia e controle do estresse podem ser fundamentais para reverter a resistência à insulina.

Dieta para SOP e resistência à insulina

Os alimentos que são benéficos para uma paciente com SOP são os mesmos que vão ajudar a manter os níveis de açúcar no sangue (juntamente com prática de exercícios físicos, sono de qualidade e controle do estresse, claro). 

Assim, quem sofre precisa incluir alimentos fontes de proteínas e fibras no dia a dia. Isso porque eles modulam o intestino, ajudam no controle glicêmico das refeições e na atenuação dos efeitos da resistência à insulina. Ou seja, muitas folhas, vegetais, frutas com casca, peixes, aves, ovos, sementes e castanhas fazem parte do pacote. 

Os alimentos anti-inflamatórios também vão ajudar a atenuar os sintomas da síndrome.  A inflamação é uma resposta natural do nosso corpo ao combate a doenças. Mas, quando fica fora de controle, ela pode se tornar crônica e levar a uma série de problemas de saúde. E não é só isso: quanto mais inflamado, maior é a tendência do organismo a acumular gordura – o que explica os quilos a mais.

Portanto, coloque no dia a dia alimentos anti-inflamatórios como:

  • Folhas verdes como couve, escarola, agrião e rúcula;
  • Cogumelos;
  • Gengibre;
  • Frutas vermelhas;
  • Salmão selvagem;
  • Frutas como goiaba, acerola, abacaxi e laranja;
  • Sementes e grãos integrais, como chia, linhaça, gergelim e quinoa;
  • Especiarias: açafrão e curry;
  • Abóbora;
  • Cenoura;
  • Repolho;
  • Brócolis;
  • Couve-flor. 

O QUE NÃO É INDICADO

Por outro lado, alimentos fontes de carboidratos refinados, farinha branca, industrializados, comidas gordurosas, e com alta carga glicêmica podem piorar a resistência à insulina. E, como consequência, desencadear os sintomas de SOP. Além disso, o consumo excessivo de tais alimentos também prejudica o controle de peso. 

Ama um docinho? Calma, o segredo é procurar uma nutricionista para ajustar os horários, fazer trocas inteligentes e assim conseguir incluir o que você ama na dieta sem prejudicar os sintomas ou aumentar o peso. Prometo que dá!

Você sofre com SOP? Agende já sua consulta presencial ou online e obtenha a orientação nutricional adequada para tratar sinais e sintomas. 

Leia também: Dieta anti-inflamatória e seus benefícios 

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