A endometriose é uma condição ginecológica caracterizada pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio (que reveste o útero) fora do útero. Ela pode causar dores intensas, menstruação irregular e até infertilidade. A alimentação pode desempenhar um papel fundamental na gestão dos sintomas, pois certos alimentos podem ajudar a reduzir a inflamação e o desequilíbrio hormonal, enquanto outros podem agravar a dor e os sintomas. Mas, como nutricionista especialista em endometriose, sei do papel da alimentação no tratamento da condição e seus sintomas. E sim, existe uma dieta para endometriose, com alimentos indicados e outros que devem ser evitados.
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Endometriose: o que é
Antes de mais nada, vou explicar de maneira simples o que é endometriose. Ela se caracteriza pela presença do endométrio – tecido que reveste o interior do útero – fora da cavidade uterina. Ou seja, ele pode se movimentar para outros órgãos da pelve, como trompas, ovários, intestinos e bexiga.
Assim, a doença pode aparecer em mulheres a partir da primeira menstruação e pode se estender até a última. Geralmente, o diagnóstico acontece quando a paciente está na faixa dos 30 anos, ou seja, justamente a faixa etária que mais recebo no consultório, mulheres que, muitas vezes, estão tentando engravidar. Mas, atualmente, é a principal causa de infertilidade feminina, além de ser a principal causa de dor pélvica.
Ainda não se sabe a causa específica para o surgimento da endometriose. Porém, é considerada uma condição multifatorial. Ou seja, diversos fatores estão relacionados ao seu aparecimento, como genética, hormônios, alimentação, sedentarismo, saúde intestinal e até taxa de gordura corporal – estar acima do peso também é fator de risco.
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Sinais e sintomas
Os principais sintomas de endometriose são:
- Dor pélvica;
- Dor lombar;
- Cólicas intensas (sempre digo para as minhas pacientes: não normalizem sentir dor no período menstrual);
- Dor na relação sexual;
- Fluxo menstrual intenso;
- Alterações intestinais (sempre o intestino, eu falo para vocês cuidarem bem dele);
- Infertilidade.
Quem deseja engravidar deve ficar atenta aos sintomas também, Pois, de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose, entre 10% a 15% de mulheres em idade reprodutiva (13 a 45 anos) podem desenvolvê-la e há 30% de chance de que fiquem estéreis.
Dieta para endometriose: O que comer
- Alimentos anti-inflamatórios A endometriose está associada a um processo inflamatório crônico no corpo. Consumir alimentos ricos em antioxidantes e propriedades anti-inflamatórias pode ajudar a controlar a inflamação e a dor.
- Frutas e vegetais coloridos: Ricos em vitamina C, vitamina E, betacaroteno e flavonoides, como frutas vermelhas (morango, framboesa, mirtilo, por exemplo), couve, espinafre, cenoura, brócolis e tomate.
- Oleaginosas e sementes: Nozes, amêndoas, sementes de chia, sementes de abóbora e sementes de linhaça são fontes de ômega-3, que possuem potente ação anti-inflamatória.
- Peixes ricos em ômega-3: Salmão, sardinha, truta e atum são excelentes fontes de ácidos graxos ômega-3, que ajudam a reduzir a inflamação e o risco de desenvolvimento de cistos ovarianos.
- Alimentos ricos em fibras Pois, alimentos ricos em fibras ajudam a regular o sistema digestivo, melhoram a eliminação de toxinas e podem ajudar a diminuir a concentração de estrogênio no corpo, o que pode ser benéfico, pois a endometriose é sensível ao estrogênio.
- Grãos integrais como aveia, quinoa e cevada.
- Leguminosas: Feijões, lentilhas e grão-de-bico , por exemplo, são ricos em fibras e proteínas vegetais.
- Frutas e vegetais: Além de ricos em fibras, também fornecem vitaminas e minerais essenciais. Exemplos incluem maçã, peras, abóbora, berinjela, abobrinha e batata-doce.
- Alimentos que equilibram os hormônios Como a endometriose é influenciada pelo estrogênio, consumir alimentos que ajudam a regular esse hormônio pode ser benéfico.
- Crucíferas: Pois, alimentos como brócolis, couve-flor, couve e repolho são ricos em indol-3-carbinol, um composto que pode ajudar a metabolizar o estrogênio e reduzir seus efeitos no corpo.
- Sementes de linhaça e chia: Estas sementes contêm lignanas, que podem ajudar a equilibrar os níveis de estrogênio e melhorar a metabolização desse hormônio.
Dieta para endometriose: O que evitar
Quando se trata de endometriose, a dieta pode desempenhar um papel importante no controle dos sintomas, especialmente em relação à dor e à inflamação. Embora a dieta ideal possa variar de pessoa para pessoa, alguns alimentos podem agravar a inflamação e os sintomas da endometriose. Por isso, é aconselhável limitá-los ou evitá-los. Aqui estão alguns dos principais alimentos que podem ser prejudiciais para quem tem endometriose:
1. Alimentos ricos em gorduras trans
- Por que evitar: As gorduras trans aumentam a inflamação no corpo e podem piorar os sintomas da endometriose. Elas também estão associadas ao aumento do risco de doenças cardíacas e outros problemas de saúde.
- Alimentos a evitar: Margarinas, fast food, bolos e biscoitos industrializados, frituras, snacks embalados e alimentos processados, por exemplo.
2. Carnes processadas e vermelhas
- Por que evitar: Carnes vermelhas e processadas (como bacon, salsichas, presunto e salame) contêm altos níveis de gordura saturada, que pode aumentar a inflamação. Além disso, elas podem afetar negativamente a saúde hormonal.
- Alimentos a evitar: Carne de boi, porco, carnes curadas, linguiças e embutidos em geral.
3. Alimentos ricos em açúcar refinado
- Por que evitar: O açúcar refinado pode aumentar os níveis de estrogênio no corpo, o que pode exacerbar a endometriose, uma condição influenciada pelo estrogênio. O açúcar também pode causar picos de glicose no sangue, o que contribui para a inflamação.
- Alimentos a evitar: Doces, refrigerantes, bolos, biscoitos, sorvetes e outros alimentos com alto teor de açúcar.
4. Glúten
- Por que evitar: Algumas mulheres com endometriose relatam que o glúten pode agravar seus sintomas. Embora não exista uma relação científica definitiva, acredita-se que o glúten possa aumentar a inflamação intestinal e exacerbar as dores pélvicas em algumas pessoas.
- Alimentos a evitar: Pão, massas, bolos e outros produtos feitos com farinha de trigo, cevada e centeio.
Dieta para endometriose: Suplementos
1. Ácido graxo ômega-3 (óleo de peixe ou óleo de linhaça)
- Por que é útil: Os ácidos graxos ômega-3 têm propriedades anti-inflamatórias, o que pode ajudar a reduzir a dor e a inflamação associadas à endometriose.
- Fontes: Óleo de peixe (EPA e DHA) e óleo de linhaça (ALA).
- Como ajuda: O ômega-3 pode melhorar a saúde geral do sistema reprodutivo e ajudar a reduzir a intensidade da dor, além de controlar a inflamação.
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2. Vitamina D
- Por que é útil: A vitamina D tem um papel importante na regulação do sistema imunológico e pode ajudar a controlar o crescimento do tecido endometrial fora do útero. Assim, algumas pesquisas indicam que a deficiência de vitamina D pode estar associada a formas mais graves de endometriose.
- Fontes: Exposição ao sol, alimentos como peixes gordurosos, ovos e laticínios fortificados, ou suplementos de vitamina D.
- Como ajuda: A vitamina D pode ajudar a regular a inflamação e melhorar o funcionamento do sistema imunológico, o que é importante no controle da endometriose.
3. Magnésio
- Por que é útil: O magnésio ajuda no controle da dor muscular e da cólica, o que pode ser útil para as mulheres com endometriose, que frequentemente experimentam cólicas menstruais intensas.
- Fontes: Vegetais de folhas verdes, nozes, sementes e legumes, ou suplementos de magnésio.
- Como ajuda: Pode ajudar a relaxar os músculos e aliviar a dor. Também pode ajudar na regulação hormonal e na redução do estresse.
4. Curcumina (de cúrcuma)
- Por que é útil: A curcumina é o principal composto ativo da cúrcuma e tem poderosas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. Ela pode ajudar a reduzir a inflamação associada à endometriose.
- Fontes: Suplementos de curcumina ou cúrcuma em pó.
- Como ajuda: Pode ajudar a reduzir a inflamação e a dor associada à endometriose, além de melhorar a função imunológica.
5. Vitamina B6
- Por que é útil: A vitamina B6 pode ajudar a equilibrar os níveis hormonais e aliviar os sintomas relacionados à menstruação, como cólicas e mudanças de humor.
- Fontes: Carnes magras, bananas, abacates, grãos integrais e legumes.
- Como ajuda: A vitamina B6 pode reduzir os sintomas de distúrbios menstruais e ajudar a regular os níveis de estrogênio, o que pode ser benéfico para controlar a endometriose.
6. Zinco
- Por que é útil: O zinco tem propriedades anti-inflamatórias e pode ajudar na função imunológica, além de apoiar a saúde reprodutiva.
- Fontes: Carnes, frutos do mar, legumes, sementes e nozes.
- Como ajuda: O zinco pode ajudar a reduzir a inflamação e melhorar a resposta imunológica, fatores importantes na gestão da endometriose.
7. Probióticos
- Por que é útil: O equilíbrio da flora intestinal pode ter um impacto sobre a inflamação e a saúde imunológica, e pode ajudar a reduzir a dor abdominal e os sintomas intestinais relacionados à endometriose.
- Fontes: Iogurte com probióticos, kefir, chucrute, kimchi, ou suplementos probióticos, por exemplo.
- Como ajuda: A flora intestinal saudável pode ajudar a reduzir a inflamação e melhorar o equilíbrio hormonal, o que é benéfico para as mulheres com endometriose.
8. N-acetilcisteína (NAC)
- Por que é útil: A NAC é um suplemento antioxidante que pode ajudar a reduzir o estresse oxidativo e a inflamação na endometriose.
- Fontes: Suplementos de NAC.
- Como ajuda: Pode ajudar a melhorar a função imunológica e reduzir a inflamação relacionada à endometriose.
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Nutricionista especialista em endometriose: Como funciona a minha consulta
Na minha consulta, realizamos uma avaliação detalhada de seu histórico clínico, sintomas, exames laboratoriais e estilo de vida. Com base nesses dados, elaboro um plano alimentar personalizado que visa:
- Reduzir a inflamação e melhorar o controle da dor.
- Regular os níveis hormonais, otimizando a saúde reprodutiva.
- Melhorar a saúde intestinal, crucial para o tratamento da endometriose.
- Auxiliar na manutenção de um peso saudável, importante para a saúde e bem-estar me geral.
Ou seja, o acompanhamento contínuo é fundamental para ajustar a dieta de acordo com os seus progressos e mudanças no quadro clínico.
- Deficiências nutricionais;
- Piora da inflamação e dos sintomas;
- Perda de massa muscular;
- Descontrole hormonal;
- Impacto na saúde digestiva e imunológica;
- Dificuldade em perder ou controlar o peso.